A epistaxe é um sangramento que tem origem na mucosa nasal, consequente à alteração da hemostasia, que consiste em uma série de fenômenos responsáveis pela interrupção fisiológica de uma hemorragia . Muito comum na prática médica, ocorre em mais da metade da população ao longo da vida. Pode ocorrer em qualquer idade, porém é frequente em crianças, com incidência maior entre os 3 e 8 anos, e em idosos.

 

Em cerca de 10% dos casos, a causa dos sangramentos é desconhecida. No entanto, fatores locais como trauma digital, corpos estranhos, fraturas de ossos da face, uso de medicamentos e drogas ilícitas, tumores, doenças inflamatórias da mucosa nasal, pós-operatório de cirurgias nasais ou mesmo doenças sistêmicas, como a hipertensão arterial, e as coagulopatias devem ser consideradas como facilitadoras dos sangramentos nasais.

 

A região anterior do septo nasal, área de Kisselbach, é responsável por aproximadamente 90% dos casos. A maioria desses sangramentos é controlada por cauterização química, térmica ou tamponamento nasal. Os pacientes que mantêm sangramento apesar dos métodos conservadores, são indicados para procedimentos cirúrgicos, nos quais ocorre ligadura e/ou cauterização de vasos responsáveis pela irrigação da parte posterior do nariz.

 

Atualmente, a ligadura da artéria esfenopalatina é a técnica cirúrgica mais empregada no tratamento da epistaxe.  A cirurgia consiste na identificação e ligadura e/ou cauterização dos ramos intranasais da artéria esfenopalatina. O procedimento é realizado no centro cirúrgico, sob anestesia geral por via endoscópica. Após vasoconstrição tópica, realiza-se uma incisão vertical da mucosa da parede nasal lateral 1 cm anterior ao terço posterior da concha média, estendendo-se até o limite superior da concha inferior. Prossegue-se com descolamento subperiosteal e levantamento de um “flap” em direção posterior do nariz, até visualização da crista etmoidal. Após exposição do forame esfenopalatino e identificação de todos os vasos que emergem do mesmo, realiza-se ligadura com clipe vascular e/ou cauterização dos ramos encontrados.

 

A taxa de sucesso é acima de 90%. Além disso, apresenta baixa morbidade quando comparado a outras técnicas. É crescente o emprego da ligadura mais precocemente, diminuindo o tempo de internação, a necessidade de transfusão sanguínea e,  consequentemente,  aumentando o conforto do paciente. Em pacientes com epistaxe grave, nos casos de recorrência após intervenção cirúrgica ou naqueles com contra-indicação de cirurgia,  é indicado embolização arterial.

 

Vídeo do procedimento: ligadura com clipe vascular da artéria esfenopalatina

Autor: Dr. Danillo Rodrigues