Toda criança adora receber brinquedos, principalmente nesse período de fim de ano quando chega o natal e toda a família troca presentes. Antes de mais nada, os pais precisam estar atentos ao selo de garantia de qualidade do Inmetro ( Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial),  onde  garante que os brinquedos ofertados no comércio legal não trazem risco para a saúde  e segurança da criança, pois passaram por diversos testes até chegar às mãos do consumidor.

Além de ter atenção se os brinquedos apresentam  pontas cortantes ou peças pequenas e fáceis de serem engolidas, o que facilita acidentes, especialistas recomendam e alertam que brinquedos sonoros que emitem um nível de pressão sonora maior que 85 decibéis, podem ser prejudiciais e provocam danos ao sistema auditivo dos pequenos.

Um exemplo bem simples de brinquedos desta categoria são os carrinhos de polícia com sirene, armas de fogo que emitem som, guitarra elétrica, buzina, trombeta, telefones infantis ou bonecas que falam muito alto. Quando estes são adquiridos por meio de camelôs, ou comércio ilegal, podem se tornar uma verdadeira dor de cabeça para as crianças. Isso porque esses produtos podem registrar até 120 ou 150 decibéis de ruído, o que ultrapassa o limite apresentado pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Barulhos com essa intensidade começam a danificar o mecanismo de audição, principalmente para a faixa etária de três anos que muitas vezes pode ser irreversível, comprometendo o desenvolvimento e o desempenho escolar dessas crianças.

O sistema auditivo da criança é um dos primeiros órgãos a se formar intra-útero. Ele já nasce com o sistema auditivo quase pronto. O que é imaturo ainda é o seu sistema de aprendizagem, de consolidação do raciocínio e da memória. Mas o formato do ouvido interno já vem pronto. Por esse motivo, a preocupação em expor crianças pequenas a ruídos de alta intensidade, tem ligação com seu sistema de proteção auditiva. É o que explica a otorrinolaringologista Priscila Fontinele Muniz.

“Desde o nascimento, o bebê deve ser estimulado com diferentes formas de cores, sons e a texturas, para que aconteça um estímulo do seu sistema nervoso propiciando um amadurecimento mais saudável e com diversos tipos de provocações. O que se deve adequar é o tipo de estimulo que vai ser apresentado a  cada faixa etária pediátrica. Portando, é preciso levar muito em conta o nível de ruídos que os brinquedos podem fazer, para que não seja desconfortável. Uma dica para os pais na hora de comprar um brinquedo, é ligar o aparelho e sentir se o seu ruído é agradável ou incomodativo. Recomenda-se que a orelha não seja exposta a ruídos de 85 decibéis por mais de oito horas por dia. Quanto maior for a intensidade sonora, menor deve ser o tempo de exposição. Alternar os brinquedos com outras atividades de recreação, como brincadeiras ao ar livre e passeios, são ótimas oportunidades de divertimento”, afirma a otorrinolaringologista.

Segundo Priscila Fontinele, quando essas indicações não são levadas em conta pelos pais, os problemas podem surgir e comprometer o futuro saudável dos filhos. “Crianças que são intensamente expostas a barulhos e por não ter a facilidade de referir os sintomas de perda auditiva, podem manifestar lesão auditiva através de sintomas como estresse, alterações de sono, ansiedade, prejuízo na comunicação, prejuízo na aprendizagem e retardo no desenvolvimento da fala. Tudo isso deve ser observado pelos adultos, que devem buscar uma avaliação auditiva inicial, seja por meio de um otorrino ou fonoaudiólogo treinados”, ressalta Priscila.